"Amar significa abrir-se ao destino (...). Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade no ser: aquela liberdade que se incorpora ao Outro, o companheiro no amor." (p. 21)
"E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instântanea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a 'experiência amorosa' à semelhança das outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultado sem esforço.
Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos." (p. 21 e 22)
"Odo Marquard falou, não necessariamente com ironia, do parentesco etimológico entre zwei e zweifel ('dois' e 'dúvida') (...). Onde há dois não há certeza. E quando o outro é reconhecido como um 'segundo', plenamente independente, soberano - e não uma simples extensão, eco, ferramenta ou empregado trabalhando para mim, o primeiro - a incerteza é reconhecida e aceita. Ser duplo significa consentir em indeterminar o futuro." (p. 35)
E digo mais:
"Numa relação, você pode sentir-se tão inseguro quando sem ela, ou até pior. Só mudam os nomes que você dá a ansiedade." (p.30)
O Amor Líquido, de Zygmunt Bauman.
domingo, 18 de novembro de 2007
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