segunda-feira, 28 de maio de 2012

No dia que não amanheceu, ela pensou: basta, deu. Sem brilho e sem cor, vestiu a maquiagem e pintou a roupa. Calçou os óculos, penteou os cadarços e atou os cabelos. Pegou a luz e apagou a bolsa. Saiu e deixou a porta aberta com a chave por dentro. Precipitada, não chovia. Estava nublada, pesada e fria. Algo dói. É o passado que não passou. E quanto mais ela insistia - pensa, fala, cava e cala! - nessa queda de braço com o mundo, mais imundo ele se mostrava.

Sem cair, de braço erguido, um trem pras estrelas, quem dera. Entrou no banco, sentou no ônibus. Ao seu lado, o poeta já não conseguia fingir. Arco-íris. A dor que deveras sentia se desfez por quase um segundo. Benzedura, reza, pimenta e terapia, nada adiantou. Foi salva pela poesia.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

vida doce

Vida Doce by Marcelo Camelo on Grooveshark

eu deixo tudo sempre pra fazer mais tarde
assim eu caminho no tempo que bem entender

e não me falta tempo
porque ele me disse
que o último dia do tempo
não é o último dia de tudo

faz parte de mim ser assim
e a vida é doce pra quem não tem pressa.