segunda-feira, 28 de maio de 2012

No dia que não amanheceu, ela pensou: basta, deu. Sem brilho e sem cor, vestiu a maquiagem e pintou a roupa. Calçou os óculos, penteou os cadarços e atou os cabelos. Pegou a luz e apagou a bolsa. Saiu e deixou a porta aberta com a chave por dentro. Precipitada, não chovia. Estava nublada, pesada e fria. Algo dói. É o passado que não passou. E quanto mais ela insistia - pensa, fala, cava e cala! - nessa queda de braço com o mundo, mais imundo ele se mostrava.

Sem cair, de braço erguido, um trem pras estrelas, quem dera. Entrou no banco, sentou no ônibus. Ao seu lado, o poeta já não conseguia fingir. Arco-íris. A dor que deveras sentia se desfez por quase um segundo. Benzedura, reza, pimenta e terapia, nada adiantou. Foi salva pela poesia.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

vida doce

Vida Doce by Marcelo Camelo on Grooveshark

eu deixo tudo sempre pra fazer mais tarde
assim eu caminho no tempo que bem entender

e não me falta tempo
porque ele me disse
que o último dia do tempo
não é o último dia de tudo

faz parte de mim ser assim
e a vida é doce pra quem não tem pressa.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

às vezes eu acho que nunca mais vou conseguir fazer de novo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

é pele.
cheiro, toque e momento.
é vento.
fresco, suave e brisa.
é lisa.
arrepio e breu.
é vela.
quente e derretida, eu.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

(In)diretas

Só não consigo entender pq (diabos) eu (ainda) tenho (tanto) ciúme d(ess)a tua ex.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Porto Alegre, 27 de novembro de 2007

Oficina de Criação Poética com Fabrício Carpinejar.

Desprendimento

Colocar a cartela de selos no lixo me obriga também a jogar fora os envelopes coloridos, as canetas, as folhas de papel e aquele caderno comprado exclusivamente para suportar minhas palavras, aquelas pensadas em sentidas que eu enviava. O caderno mal passou da metade, podia bem ser usado pra outro fim.

O calendário assinalado dia a dia, na matemática da saudade, está com a contagem atrasada; a tesoura e o papel colorido com os quais eu fiz a caixa do presente que eu não mandei também vão pro lixo. Eram verdes e roxos, cortados de forma a fazer uma caixa listrada. Listras irregulares, sim.

Deixei-a no sol e desbotou.

Não me serves pra mais nada.

Nanni Rios, de Florianópolis

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Guache

Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e roxo.

Gauche

Gosto dessa palavra.

Torto, canhoto, diferente, incerto, divergente, paralelo, vanguarda, alternativo, marginal, errante. Já de saída minha estrada entortou.

Até o fim.

Torto, liberto, independente, solto, vago, fluido, im-pre-vi-sí-vel.
Poesia, afeto, margarida-bem-me-quer, des-ti-no.

Mutante, perigo, emoção, coragem, humildade. Meu ponto é a li-ber-da-de.

Entende?

"A mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irresistível", diria ele.

LÍ-QUI-DO.