domingo, 29 de maio de 2005

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Sem valor, sim, pois despertara compaixão no camponês. Tanta que diante da nacessidade nem sequer lhe ocorrera a idéia de trocá-la por papéis ou comidas, ou por qualquer coisa que lhe fosse de mais valia naquela hora.
Parecia que faltava parte. Todavia se a parte ali estivesse não mais seria ela. Pra onde apontaria? Quem sabe segurava o manto pesado, que outrora o artista fixou. Quem sabe embalava uma cria. A cria foi-se e levou junto o que lhe era de posse: a extensão do seio. Pudera o próprio artista criador fazer uso da falsa autonomia e dar fim numa parte imperfeita. É sabido que o gesto leve duma afrodite jamais tomaria a devida forma na rude pedra.
Disseram que o milico usou de força para arrancá-la do pedestal. Não porque estivesse fixa ali, mas porque o apaixonado camponês juntou seu peso ao dela. Tanto pesava a pedra mais o camponês, pesava também o coração do coitado depois disso. Peso morto: a pedra e o coração. Levaram-lhe o coração. Deixaram uma pedra no lugar.
Ele acenou. Ela não retribuiu.





Das noites insones...

terça-feira, 10 de maio de 2005

Às minhas estrelinhas. 'Os Especiais'.

(com seis dias de atraso)
Eles estão ficando velhos. Sorte minha que meu amor de criatura é bastante grande, daqueles que vê envelhecer e não envelhece. 'A Especial' da vez nem é tão mais velha assim. Dezenove anos..
Está chegando o dia em que vamos preferir venturas a aventuras. Quiçá este dia demore! Quantas foram as aventuras! Brincadeiras de roda.. Sem rodas, em fila. Os Escravos de Jó fizeram parte da minha adolescência. Aposto que da sua também!
Vençamos o ideal de andar caminhos planos! Com vinhos e paçocas, caipirinhas e outras bebidinhas, andar em linha reta já é bastante!
Entre passeios e conversinhas, um banquinho pra repousar as forças. Na Lagoa? Perfeito. A que faremos ode hoje? Senhorita Natasha, sugira o tema, por obséquio.
Roubadas! Sobre estas me faltam palavras e transbordam lembranças. Pra você também? As roubadas marcaram uma época e duas vidas.
Entre desenganos e compensações, a vida vai se equilibrando. No descompasso da orquestra das coisas do mundo, o equilibrio desordenado de timbres e tons e tempos encontram a sua ordem. Desequilibrados.
Doce coração o seu. A maior das virtudes! Uma criatura dócil, daquelas que Dostoiévski não conheceu.
Rasgar seda não está entre as minhas habilidades. Quisera eu redigir um soneto de aniversário, mas quão ingênua e audaciosa fui por tentar competir com o "Soneto de Aniversário" dele.
Fica aqui minha homenagem. E que 'passem-se dias, horas, meses, anos'...

domingo, 1 de maio de 2005

remoto controle

Esquiva, comportamentos estranhos, olhares, palavras.. tudo involuntário.
Embrianguez sem sentido. Sem sentidos.
Queda.