quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

Ode (em prosa) to my family..

Estranho o modo como as coisas funcionam aqui em casa.
Mamãe se autodenomina uma pessoa 'difícil'. Eu me acho alguém de fácil convivência, o que facilita bastante as coisas. Tanto que mamãe já notou que não adianta querer fazer rolo comigo, porque eu não compro briga e evito discussões (além de eu ser uma garota comportada). No fim, quando ela implica com algo e resolve começar a falar (e ela fala *muito*), acaba em monólogo.
Já a Hellen faz competição com mamãe pra ver quem fala mais. E geralmente quando elas resolvem falar ao mesmo tempo, dificilmente alguma delas tem razão. É nessa hora que eu entro cortanto os exageros verbais de ambas. Enquanto elas discutem sobre de quem é a culpa pela desordem da casa, eu estou organizando as coisas. As vezes, o estopim da discórdia é o momento que eu comunico que vou sair pra algum lugar. Mamãe tanto faz que me convence a ficar em casa (sem pedir isso diretamente, é claro). Ela necessita de mais respostas do que uma criança na fase dos 'porquês' e arma um verdadeiro drama quando vem me visitar (de surpresa) e eu não tô em casa. Noutras vezes, mamãe é capaz de tecer um tratado verbal da moral e dos bons costumes a partir de um comentário de poucas palavras que eu faço em relação a qualquer coisa aleatória, sobre alguém desconhecido, muitas vezes insignificantes (o alguém e o comentário). Extremamente conservadora, finge não ver muitas coisas. Ela sabe, mas suportar a confirmação vai além de suas forças.
Incrível como entre nós, as coisas são compartilhadas muitas vezes pelo olhar. Ou até pela falta de coragem pra encarar olho a olho. E nestes momentos, sabiamente, ela nota que palavras seriam demais e desnecessárias. Talvez ela finalmente tenha entendido o que eu queria dizer com 'confie na educação que você me deu'. Ou talvez ela tenha percebido que não há mais o que acrescentar. Ou, quem sabe, ela tenha pensado 'essa não tem mais jeito'. haha
Brincadeiras à parte, antes eu acreditava que ela pecava por não conhecer todas as minhas faces. Isso isentava-a de grande parte da culpa, mesmo porque eu nunca fiz questão de mostrar meu lado mais obscuro. Esta idéia parece ter amadurecido e tomou nova forma. Hoje, eu acredito que de fato ela sabe da existência do tal lado desconhecido, mas reconhece o respeito que se manifesta na minha opção por escondê-lo. Afinal o que os olhos não vêem o coração não sente, não é mesmo? Taciturnidade... simples assim.

Divagações... Não lembro se eu queria chegar nalgum lugar quando comecei a escrever isso.
Aliás, acho que escrevi demais.

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